Fundado em 1956, pelo arquiteto moderno paulistano Oswaldo Bratke (1907-1997), foi reinaugurado em 2023 pela METRO Arquitetos. (Foto: Fran Parente / Divulgação)

Cobogós e Muxarabis: o que são e qual é a diferença?

Projetado em 1956, pelo arquiteto moderno paulistano Oswaldo Bratke (1907-1997), o Edifício Renata Sampaio Ferreira, em São Paulo foi reinaugurado em 2023 pela METRO Arquitetos. (Foto: Fran Parente / Divulgação)

Presentes em projetos de arquitetura e decoração, os cobogós e os muxarabis são dois elementos arquitetônicos que trazem uma estética marcante e inovadora, pois privilegiam a ventilação e utilizam a luminosidade para criar efeitos visuais únicos e expressivos.

Os elementos compartilham características semelhantes, como a capacidade de criar desenhos únicos criados pela luz e sombra, e garantir privacidade aos ambientes internos, pois bloqueiam a visão de quem olha de fora das fachadas. Mas afinal, em que se diferenciam? Descubra as diferenças entre os cobogós e muxarabis e como aplicar esses elementos na arquitetura e decoração.

O que é cobogó

Lounge SV² – Studio Vírgula + Studio Vanguarda. Projeto da CASACOR Brasília 2024. (Edgard César/DIVULGAÇÃO)

Com quase 100 anos de história, o cobogó surgiu na década de 1920, no nordeste do Brasil, e foi criado por dois comerciantes e um engenheiro que usaram os sobrenomes como acrônimo: Amadeu Oliveira Coimbra, August Boeckmann e Antonio de es. Inspirados nos muxarabis árabes, esses elementos vazados são como tijolos furados, usados para deixar a ventilação e a luz solar adentrar as fachadas. 


O cobogó foi criado na mesma época em que o movimento modernista avançava na arquitetura brasileira, liderado por nomes como Lúcio Costa e Oscar Niemeyer. Ele surgiu como uma solução inovadora para a arquitetura moderna nacional, pois conseguia combinar perfeitamente com as características do modernismo, que privilegia a funcionalidade, elementos geométricos, linhas retas, pilotis e uso de concreto. Os cobogós se destacam por contribuírem para a eficiência térmica e energética dos edifícios, proporcionando ventilação natural e frescor aos ambientes, além da capacidade de criar efeitos de luz e sombra que enriquecem a experiência sensorial dos ambientes.

Os primeiros cobogós foram projetados em concreto e tijolo, e com o passar do tempo ganharam novos materiais e grafismos. A evolução tecnológica permitiu a produção desses elementos com cortes a laser e designs geométricos complexos, aumentando sua versatilidade e apelo estético. 

Hoje, o elemento ganhou ainda mais espaço na arquitetura, e além de fachadas que brincam com luz e sombra, passou a ser utilizado no interior dos ambientes. A peça é frequentemente usada como divisória de espaços, setorizando os cômodos, enquanto mantém a ventilação e a iluminação natural. Um bom exemplo são as divisórias entre cozinhas e lavanderias integradas, que separam os espaços sem bloquear a circulação de ar e luz natural.

O que é muxarabi

Muxarabi na fachada das arquitetas Hannah Cabral e Monique Pampolha na CASACOR RIO 2023

Os muxarabis, ou mashrabiya, têm uma origem mais antiga e exótica. Esses elementos vazados de madeira chegaram ao Brasil com os colonizadores portugueses, em 1530, e têm suas raízes na arquitetura árabe. O termo “muxarabi” deriva do verbo árabe “beber”, referindo-se aos locais projetados para resfriar jarros de água. 

Na arquitetura, funcionam como treliças de madeira que permitem a entrada de luz e ventilação natural, ao mesmo tempo em que controlam a entrada dos raios solares em climas quentes. O elemento arquitetônico também é utilizado em fachadas e divisórias pois contribui para o conforto ambiental permitindo a entrada de luz e ventilação de forma controlada.

No entanto, na antiguidade, eram usados principalmente em portas e telhados. Atualmente, o retorno desse elemento às construções brasileiras pode ser atribuído às vantagens que oferecem aos ambientes. Com a crescente influência do movimento de sustentabilidade na arquitetura, esses elementos voltaram a ganhar destaque.

A arquiteta Carla Felippi usou muxarabis das paredes ao teto em seu ambiente Lounge Bar Happiness na CASACOR 2024. Foto: Favaro Jr.

Muxarabi x cobogós: principais diferenças

A principal diferença entre os dois elementos vazados é o material com o qual são produzidos. Enquanto o cobogó é feito de concreto, tijolo, vidro e até cerâmica, o material mais usado para produção do muxarabi é a madeira. Além disso, o material construtivo influencia outra diferença importante, o cobogó tende a ser mais pesado que o muxarabi e, em certos casos, requer o uso de vergalhões de ferro para sua aplicação.

Além disso, por ser modular e simétrico, o cobogó é fabricado em dimensões específicas e funciona como o tijolo, sendo colocado um a um para compor uma parede. Em contraste, o muxarabi é uma estrutura de treliça de madeira, quase sempre produzida de forma artesanal. 

Você já conhecia a diferença entre o cobogó e os muxarabis? Esses elementos compõem a arquitetura de forma única, garantindo funcionalidade e beleza nas fachadas e divisórias de espaços.

 

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