Se antes o feito à Mão era visto como algo distante da moda e do design, hoje o artesanal ocupa um lugar de destaque nas vitrines e coleções de grandes estilistas nacionais. As técnicas manuais têm sido reapropriadas de forma criativa, transformando o artesanato em um símbolo de sofisticação e originalidade.
Em um país rico em diversidade cultural e técnicas artesanais ancestrais, valorizar o feito à mão é contribuir para a preservação de saberes, criar produtos com identidade brasileira e dar propósito às marcas. Vivemos em uma era dominada pela tecnologia, mas o Maker Movement, que resgata o trabalho manual, cresce como uma reação a esse cenário, atraindo artesãos e designers que utilizam a tecnologia para compartilhar e desenvolver suas criações.
Técnicas manuais como crochê, macramê, tricô e tramas de fibras naturais trazem versatilidade e elegância ao design, podendo compor uma peça inteira ou surgir como detalhes sofisticados em móveis e acessórios. Longe de se limitarem ao estilo rústico ou boho, as peças artesanais se adaptam a diversos contextos, adicionando autenticidade e charme a qualquer ambiente ou estilo decorativo.
Cada peça, com sua história e identidade, traz um novo olhar para a moda e decoração, se firmando como uma tendência que celebra a autenticidade e a conexão com o feito à mão.
Exclusividade do feito à mão
As tendências contemporâneas estão cada vez mais distantes da padronização, e o novo luxo é definido pela exclusividade. Nesse cenário, os trabalhos manuais ganham relevância, já que os consumidores buscam peças que expressem sua identidade e aconchego.
Na decoração, a ideia de casa-refúgio, um espaço que transmite aconchego e acolhimento, continua em alta, influenciando as escolhas de cores e materiais. Esse desejo por auto expressão está diretamente ligado ao resgate da ancestralidade e ao valor atribuído a itens afetivos que carregam histórias e significados.
Na moda, o artesanal faz sucesso por refletir a identidade e se distanciar do massificado. O desejo por produtos únicos, feitos à mão ou em edições limitadas, está alinhado com a originalidade. São peças que oferecem exclusividade e criam uma conexão com os consumidores que valorizam a história e a técnica por trás de cada peça.
O uso do artesanato, tanto na moda quanto na arquitetura, reflete essa busca por autenticidade e sustentabilidade, conectando-se com os valores do consumidor atual: identidade e respeito ao meio ambiente. Em um mundo acelerado, as peças artesanais, com suas histórias, se destacam como alternativas que oferecem uma conexão com as origens, oferecendo experiências únicas e genuínas.
Valorização da cultura local
Ao priorizar materiais e técnicas artesanais, as pessoas incentivam a produção responsável, o respeito pela cultura e pelos recursos naturais. Esse consumo consciente e sustentável é uma tendência que veio para ficar, promovendo a valorização da identidade cultural do país.
A produção artesanal é uma fonte de economia local, e promove um ciclo de crescimento e valorização das tradições, ao mesmo tempo em que atende às demandas de um mercado que busca cada vez mais por peças únicas e produzidas de maneira sustentável.
Grandes marcas apostam na tendência
Apesar da tecnologia, algumas marcas se dedicam ao feito à mão. Nesse contexto, o artesanato ganhou destaque, atraindo a atenção da mídia e de designers que colaboram com artesãos, criando coleções de design único e contemporâneo.
O designer Sérgio Matos uniu o seu design ao conhecimento indígena da Amazônia para produzir uma coleção de cestarias. Mas ele não foi o único: em 1993, os Irmãos Campana criaram a cadeira Vermelha com mais de 450 metros de corda trançada manualmente, que hoje integra a coleção permanente do MoMA. Anos depois, a grife italiana Edra apostou na produção da peça ao seguir um vídeo com o passo a passo de sua criação, desafiando desta forma a lógica da produção em série.
Na Punto e Filo, cada peça é criada artesanalmente, unindo design e sustentabilidade. Com assinaturas de renomados designers brasileiros, como Latoog, Rodrigo Ohtake e Zanine de Zanini, além de nomes internacionais como Giorgio Bonaguro, a marca utiliza o fio de Econyl em suas criações. Este material inovador é produzido a partir de nylon descartado em oceanos e aterros ao redor do mundo, resgatando resíduos e transformando-os em um produto de alta qualidade, sem perda das propriedades originais. São peças únicas, que aliam responsabilidade ambiental e design de excelência.
O designer Maurício Arruda também está de olho na valorização do design autoral e do artesanato brasileiro. Recentemente, inaugurou uma loja que vai além da comercialização de produtos: o espaço é pensado como um verdadeiro laboratório de ideias, onde design, artesanato e peças garimpadas se encontram para celebrar a cultura brasileira. A proposta é criar um ponto de inspiração para amantes do design e da identidade cultural do país, reforçando a relevância e permanência dessa tendência no mercado atual, e trazendo um novo olhar para as peças com uma curadoria renomada.
O artesanato, em sua essência, é uma celebração da criatividade humana, conectando tradições culturais às necessidades e desejos do mundo contemporâneo. Ao resgatar técnicas ancestrais e adaptá-las ao contexto atual, o feito à mão reafirma sua importância como um símbolo de originalidade, exclusividade e sustentabilidade. Em tempos de produção em massa, o artesanato transcende as fronteiras da indústria massificada, trazendo singularidade e sofisticação para suas peças.
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