Esse momento de transição não representa apenas a sucessão no comando do escritório, mas também a continuidade de um legado que desempenhou um papel fundamental na cultura brasileira. Como membro da família Ohtake, Rodrigo traz consigo não apenas a herança da arquitetura e da arte, mas também uma paixão por formas inovadoras e pela exploração das cores, características que marcam o trabalho das três gerações.
À medida que assume esse papel de liderança, Rodrigo Ohtake mantém o impacto da família Ohtake no cenário arquitetônico e cultural do Brasil. Sua jornada é marcada pelo respeito às raízes familiares e por uma busca incessante por seu próprio estilo e identidade na arquitetura e no design.
Além de projetos arquitetônicos, a equipe de criação do escritório _Ohtake também assina peças de design, como o recente lançamento da Punto e Filo, marca nacional de tapetes que apresentou a coleção Meandros. A linha foi apresentada na casa de Tomie Ohtake, residência que, desde os anos 60, serviu como ateliê, morada e espaço de encontro da família Ohtake. Durante o lançamento, ele compartilhou um pouco sobre o legado familiar e o último lançamento.
Pode falar um pouco sobre a coleção Meandros?
É um trabalho muito livre, é quase como um brincar, ficar desenhando. Então, não tem necessariamente uma inspiração, foi feita com uma mistura de formas, das combinações que a gente quer alcançar e, desenhando de uma maneira muito livre, até chegar num resultado desejado. Então, diferentemente da outra coleção, onde eu quis colocar alguns temas, esta eu quis ir muito mais para o lado artístico de fazer composições cromáticas inusitadas, e deixando o punho de forma muito intuitiva.
É possível enxergar o legado da família Ohtake nesse lançamento?
É inevitável não relacionar a minha trajetória à narrativa do escritório, à história do Ruy, da Tomie, e a esse significativo legado familiar, que desempenha um papel crucial na nossa herança cultural. Essas peças, de uma maneira mais intuitiva do que racional, contam a história da família por meio de cores e formas que evocam o estilo cheio de curvas de Ruy e a paleta vibrante da obra de Tomie. É por isso que consideramos a casa da Tomie o local ideal para o lançamento – não apenas por ser a matriarca, mas por ser uma obra concebida por Ruy Ohtake em 1966. Ao longo de 40 anos, esse espaço foi o ponto de convergência da família, um local natural onde todos se reuniam aos domingos.
Quanto tempo para a concepção dessa nova linha?
O processo de criação levou três meses. Às vezes, as pessoas solicitam uma encomenda e alguém desenha em 10 minutos, mas esse não é o caso. Foram 40 anos de vivência, estudo, observação, viagens e experiências. Quando surge a responsabilidade de desenhar, todo esse repertório acumulado ao longo de décadas se manifesta nos 10 minutos. Mas, na realidade, esses 10 minutos não surgem do nada. Quanto aos 3 meses do processo, é difícil dizer se é rápido, pois estamos constantemente refinando a primeira coleção, observando e aprendendo. Assim, acontecer em 3 meses é um tempo natural.
A trajetória de Rodrigo Ohtake representa uma fusão única de herança, paixão e inovação, encapsulando o legado icônico da família Ohtake. Com uma visão criativa que abraça a liberdade de formas e a exploração de cores, Rodrigo escreve seu próprio capítulo na história do design e da arquitetura do Brasil.