Você já ouviu falar em World Monuments Watch? Trata-se de um programa bienal da organização World Monuments Fund (WMF), sediada em Nova Iorque, que identifica e destaca sítios históricos ao redor do mundo que enfrentam desafios urgentes, como negligência, mudanças climáticas, conflitos ou turismo excessivo. Em 2025, os locais selecionados abrangem desde monumentos icônicos até comunidades tradicionais, paisagens culturais e edifícios históricos. No total, mais de 200 indicações de 69 países foram avaliadas, mas apenas 25 locais, representando 29 países em cinco continentes, foram escolhidos. E pela primeira vez, o Watch selecionou um local que vai além da Terra.
Os 25 monumentos arquitetônicos mais ameaçados do mundo foram selecionados com base na relevância global e local, urgência do projeto e viabilidade. Além de reconhecimento internacional, os locais selecionados recebem apoio técnico, incluindo planos de conservação e iniciativas para arrecadação de recursos.
Principais ameaças dos monumentos arquitetônicos mais ameaçados
Os desafios enfrentados pelos locais selecionados no World Monuments Watch variam conforme a região. Na África Subsaariana, as mudanças climáticas representam uma das principais ameaças ao patrimônio e às comunidades, já na Ásia e no Pacífico, a urbanização acelerada surge como a questão mais urgente. Na Europa e América do Norte, a falta de financiamento e recursos é apontada como um grande obstáculo, América Latina e no Caribe, o turismo desregulado preocupa especialistas. Por fim, no Oriente Médio e Norte da África, os conflitos de diversas ordens e os desastres naturais se destacam como os maiores desafios para a preservação.
Lista completa
Confira os 25 locais e monumentos históricos que foram incluídos na lista publicada pela World Monuments Fund:
- Paisagem Cultural da Planície Alagável de Barotse, Zâmbia
- Salas da Assembleia de Belfast, Irlanda do Norte, Reino Unido
- Sistemas Históricos de Água de Bhuj, Índia
- Grutas Budistas de Maijishan e Yungang, China
- Capela da Sorbonne, França
- Casa do Chefe Ogiamien, Nigéria
- Cinema Studio Namibe, Angola
- Mosteiro Budista Erdene Zuu, Mongólia
- Tecido Urbano Histórico de Gaza, Palestina
- Cidade Histórica de Antáquia, Turquia
- Faróis Históricos do Maine, Estados Unidos
- Patrimônio Judaico de Debdou, Marrocos
- Casa dos Professores de Kiev, Ucrânia
- Mosteiros do Vale do Drino, Albânia
- Edifícios Históricos do Rio Musi, Índia
- Sítios do Patrimônio da Península de Noto, Japão
- Qhapaq Ñan, Sistema Viário Andino (Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, Peru)
- Ruínas do Velho Belchite, Espanha
- Paisagem Histórica da Mineração de Serifos, Grécia
- Sítios do Patrimônio da Costa Suaíli, Comores, Quênia, Moçambique, Tanzânia
- Esculturas de Terracota do Mosteiro de Alcobaça, Portugal
- A Rota Comercial, Estados Unidos
- A Superfície da Lua
- Campos Agrícolas Waru Waru, Peru
- Reservatórios de Água da Medina de Túnis, Tunísia

A Capela da Sorbonne: Um Tesouro Arquitetônico de Paris em Risco
Situada no coração do Quartier Latin, em Paris, a Capela de Saint-Ursule da Sorbonne representa um dos mais belos exemplos da arquitetura francesa do século XVII. Projetada pelo arquiteto Jacques Lemercier a pedido do Cardeal Richelieu, a capela abriga obras-primas, como os afrescos de Philippe de Champaigne e o túmulo do próprio Richelieu, esculpido por François Girardon. Além de seu valor artístico e histórico, a capela possui um significado simbólico para a Universidade de Sorbonne e para a cidade de Paris, servindo como memorial aos estudantes e professores que morreram na Segunda Guerra Mundial.
Apesar de sua relevância, a capela enfrenta sérios desafios estruturais que levaram ao seu fechamento por décadas. Danificada durante a Revolução Francesa e alvo de diversas campanhas de restauração ao longo dos séculos XIX e XX, a capela sofre com a degradação do tempo e a falta de investimentos consistentes em sua conservação.
Com sua inclusão no World Monuments Watch 2025, uma nova fase de revitalização se inicia. O World Monuments Fund trabalhará em parceria com a Chancellerie des Universités de Paris e a Prefeitura de Paris para solucionar os problemas de conservação e desenvolver um plano de reabertura ao público, garantindo que este patrimônio histórico continue a inspirar gerações futuras.
Cinema Studio Namibe: Revitalizando um Marco Modernista Angolano

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O Cinema Studio Namibe, localizado na cidade portuária de Moçâmedes, é um testemunho do legado cultural e arquitetônico de Angola no século XX. Durante as décadas de 1940 a 1970, o país viveu um boom na construção de cinemas, inicialmente promovidos pelo governo colonial português como espaços de propaganda. No entanto, esses locais rapidamente se transformaram em centros de encontro social e em palcos para a difusão de ideais revolucionários durante a luta pela independência angolana.
O projeto do Cinema Studio Namibe, assinado pelo arquiteto português José Botelho Pereira em 1973, é um exemplo notável da arquitetura modernista tropical. A estrutura semiaberta permite a ventilação natural, enquanto sua tonalidade arenosa harmoniza-se com a paisagem do Deserto do Namibe. Composto por uma galeria externa, rampas de acesso e um amplo auditório, o edifício foi projetado para oferecer uma experiência cinematográfica inovadora. No entanto, a construção foi abruptamente interrompida em 1975 devido à eclosão da Guerra Civil Angolana, deixando o cinema inacabado e em estado de decadência.
Apesar de seu abandono formal, o Cinema Studio Namibe continua sendo um símbolo para a comunidade local, que busca formas de revitalizá-lo. No contexto do World Monuments Watch 2025, a iniciativa visa reunir membros da comunidade e especialistas para definir um plano de requalificação do cinema, adaptando-o para serviços culturais e recreativos que beneficiem a população local no século XXI.
A Lua: Preservando a Herança da Exploração Espacial

Desde os primórdios da humanidade, a Lua exerce um fascínio profundo, sendo incorporada a mitologias, calendários e pesquisas científicas. No entanto, foi apenas no século XX que essa admiração se transformou em ação concreta: a chegada do homem à Lua em 1969, um dos momentos mais marcantes da história. O local de pouso da missão Apollo 11, a Base da Tranquilidade, preserva uma coleção de artefatos históricos, incluindo o módulo de pouso, instrumentos científicos e a icônica pegada de Neil Armstrong.
Atualmente, esse local histórico está ameaçado por uma nova era da exploração espacial, impulsionada não apenas por agências governamentais, mas também pelo setor privado. O aumento das atividades na superfície lunar pode comprometer a integridade desse marco através de visitação exploratória, souveniring e possíveis atos de saque. Embora o Tratado do Espaço Exterior da ONU de 1967 estabeleça princípios para a exploração pacífica da Lua, ainda não há um acordo internacional específico para a proteção de seu patrimônio cultural.
Para enfrentar esse desafio, o Comitê Científico Internacional para o Patrimônio Aeroespacial (ISCoAH), vinculado ao Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (ICOMOS), lidera esforços para regulamentar a proteção da superfície da Lua. O reconhecimento da Lua no World Monuments Watch 2025 busca sensibilizar a opinião pública e promover a colaboração internacional para garantir que futuras missões lunares respeitem a história gravada na superfície do satélite natural da Terra.

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Estes são apenas três locais dos 25 listados na WMW de 2025, e a preservação de todos esses monumentos reflete o compromisso global com a proteção de nossa história. O reconhecimento pelo World Monuments Watch 2025 representa um primeiro passo para assegurar que esses patrimônios permaneçam vivos para as futuras gerações.
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